





A história de superação da missionária evangélica Renee Murdoch emocionou o Brasil e o mundo — e agora chega às telas com o filme "Fé para o Impossível", estrelado por Vanessa Giácomo e Dan Stulbach. O longa, atualmente no TOP 10 da Netflix após sua estreia nos cinemas em fevereiro, é baseado no livro "Dê a Volta por Cima", escrito por Renee e seu marido, o pastor Philip Murdoch. 2l485u
Tudo começou em uma manhã aparentemente comum, no dia 26 de setembro de 2012. Renee fazia sua tradicional caminhada pela orla da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, após deixar os filhos na escola. Foi quando foi brutalmente atacada por um homem em situação de rua com diversos golpes de madeira na cabeça. O resultado foi um traumatismo craniano gravíssimo.
“Recebi vários golpes na cabeça. Tive inchaço craniano, deslocamento do cérebro. Cheguei ao hospital com menos de 30% de chance de sobreviver. Os médicos disseram que, se eu vivesse, provavelmente não falaria, não andaria e perderia a memória”, contou a pastora, hoje com 57 anos, em entrevista ao jornal O Globo.
Logo após a internação, Philip Murdoch iniciou uma corrente de orações pelas redes sociais, convocando amigos, fiéis e desconhecidos a se unirem por Renee. Os pedidos eram direcionados: para que ela abrisse os olhos, para que o tubo de aspiração fosse removido, para que conseguisse mover o lado esquerdo do corpo.
“A fé começou pequena e foi tomando grandes proporções. Meu corpo foi respondendo aos pedidos. Quando o Philip chegou ao hospital e viu um leve movimento no meu corpo, começamos a acreditar que algo maior estava acontecendo. Foi uma jornada de 23 milagres”, relembra Renee, que viu a corrente se espalhar por países como Nepal, Austrália e várias nações africanas e europeias.
Renee ficou 29 dias internada, sendo 10 deles em coma. ou por seis cirurgias, incluindo a retirada de parte do crânio para conter o inchaço cerebral. Três semanas depois, essa parte foi recolocada. A pastora também enfrentou procedimentos para desobstrução de veias e artérias, além de limpeza da área atingida.
Aos poucos, a recuperação foi acontecendo. Ainda assim, as marcas do trauma eram visíveis e profundas. “Quando me olhei no espelho pela primeira vez após o ataque e vi parte do crânio removido, fiquei me perguntando o que era aquilo e se iriam consertar. Eu ainda não conseguia falar direito, mas o Philip entendeu. E respondeu, com todo carinho: ‘Vão consertar’. Eu confiei no que ele falou”, emocionou-se.
Após receber alta hospitalar em novembro de 2012, Renee iniciou dois anos de terapia de reabilitação intensiva, com sessões de fisioterapia três vezes por semana, natação, musculação e atividades artísticas. Paralelamente, criou sua própria rotina de exercícios: caminhava na piscina de casa e fazia livros de caça-palavras para estimular o cérebro.
“Meu alvo era ser a mulher que eu era antes do ataque. O neurologista foi sincero e disse: ‘Talvez você melhore mais ou não. Já fizemos tudo que a medicina podia’. Então pensei: preciso melhorar. E fui à luta”, afirmou.
Hoje, Renee relata ter poucas sequelas — como lapsos de memória e paralisia da sobrancelha esquerda — e retomou a rotina por completo. “Caminho quase todos os dias, faço minhas tarefas de casa, viajo muito e prego na igreja e fora dela, compartilhando meu testemunho e fazendo orações de cura.”
Moradora da Barra da Tijuca desde 2000, Renee lidera a igreja Luz às Nações com o marido e também é sócia da rede de escolas Legacy School. Em 2016, participou de uma corrida de 5 km no mesmo local do ataque. Para ela, voltar à cena foi essencial: “Pedi ao meu marido que me levasse lá. Ainda havia marcas de sangue no chão. Foi profundo e sensível, mas coloquei na minha mente que havia vencido.”
Sobre o longa que retrata sua trajetória, Renee faz questão de ressaltar que Fé para o Impossível vai além da fé evangélica. “Todo mundo enfrenta atribulações na vida, e o filme pode encorajar as pessoas a terem fé, agirem da melhor maneira e pensarem positivo diante dos desafios. Todos que assistirem vão se identificar com alguma parte da história".
Dan Stulbach, que dá vida a Philip Murdoch, também se comoveu com o projeto: “Foi muito interessante interpretar Philip. Ele é firme, tem clareza nas palavras e vive uma transformação bonita ao longo do filme. Acredito que as pessoas vão se conectar com histórias próprias, em que, de alguma maneira, a espiritualidade se manifestou".