





Nesta quarta-feira, 28 de maio, completa um mês da estreia de 'Dona de Mim', novela das sete que substituiu 'Volta por Cima'. De antemão, o folhetim assinado por Rosane Svartman caiu nas graças do público. Afiada, a autora usou os elementos essenciais de 'Vai na Fé' e' Bom Sucesso' para atrair seus fãs, como, por exemplo, o tom lúdico e a luta das mocinhas humildes. um21
'Dona de Mim' tem batido recordes de audiência, ultraando 'Vale Tudo', atual novela do horário das nove. Somente nesta terça, 27, a trama conquistou 23,2 pontos de média.
Em meio a uma história ágil, o folhetim também tem seus pontos negativos, que podem ser revertidos ao longo do tempo e acertos que já marcam o folhetim como um dos melhores nos últimos anos. Confira!
Os primeiros minutos de 'Dona de Mim' mostraram que a novela tinha potencial de chamar a atenção dos telespectadores. No entanto, a expectativa ficou em torno da abertura, que fez muita gente sentir saudades de Hans Donner, designer que assinou as apresentações iniciais das novelas durante anos.
Embalada pela canção de Iza, na companhia de Sandra de Sá e Azzy, a abertura pecou pela falta de criatividade da Globo, que já apresentou vinhetas maravilhosas. A proposta de colocar os atores cantando e dançando, com trechos da letra da música jorrando na tela, soou de mau gosto e um pouco caricata, lembrando aberturas ruins de novelas mexicanas.
Leona (Clara Moneke) é carismática, mas o tom da personagem oscila entre o drama e o sarcasmo forçado. Em várias cenas, suas piadas soam fora de contexto, prejudicando a empatia do público. A sequência em que ela debocha de Abel (Tony Ramos), após ser flagrada com Davi (Rafa Vitti), é um exemplo claro de exagero.
Marcello Novaes, Marcos Pasquim e Aline Borges assumem a vilania da novela, o que deve causar muitos estragos ao longo do tempo. Porém, até o momento, é possível vê-los de forma caricata. Pasquim repete o mesmo vilão de 'A Lua Me Disse', em 2005, com impostação de voz forçada e diálogos maniqueístas.
Talentosa, Aline Borges parece ainda não ter achado o tom de sua personagem. O mesmo acontece com Marcello Novaes, que não trouxe nada de novo para um vilão maduro que sente inveja do irmão mais velho.
A primeira fase da novela, em que Marlon e Bárbara (Giovana Cordeiro) firmavam um futuro promissor fora do Brasil não convenceu. Neste ponto, a autora trouxe elementos tão conhecidos do público que se tornaram cansativos: uma mulher ciumenta que nutre uma relação com um homem visivelmente sem interesse, e emocionalmente envolvido com a ex.
Por sorte, o casal se separou durante a agem de tempo na novela, mas, caso haja uma retomada no futuro, seria interessante ter Bárbara como uma antagonista maléfica de Leona.
'Dona de Mim' tem um elenco altamente escalável. Tony Ramos, Cláudia Abreu e Suely Franco, por exemplo, roubam a cena todas as noites. Quem conhece Tony Ramos pessoalmente já deve ter percebido que Abel é o retrato do ator: simpático, educado e consciente.
Abreu retornou às novelas como uma personagem complexa, talvez mais sofrida do que a protagonista Leona; já Suely, aos 85, tem feito o público chorar com as emoções de uma senhora que sofre de esquecimento.
No mesmo sentido, vale ressaltar a escolha assertiva de Elis Cabral como Sofia. A menina a com naturalidade as nuances de uma criança espevitada, porém, que, em outros momentos, a a dramaticidade de quem sente a morte da mãe que não conheceu.
A direção da Globo apostou em flashbacks para contar a história, ao invés de apenas usá-las como lembranças. A cada capítulo, as cenas que voltam ao ado contam novos detalhes da vida dos personagens.
É interessante notar os desdobramentos da história entre Leona e Marlon (Humberto Morais) antes, durante e depois do quase casamento. Ao mesmo tempo, conhecemos os motivos que fez Ellen (Camila Pitanga) entregar sua filha a Abel.
Rosane Svartman acertou em cheio ao criar um quadrilátero amoroso arriscado. Leona tem torcida para os três pretendentes: Samuel (Juan Paiva), Davi e Marlon. Cada rapaz tem suas características definidas, sendo que nenhum deles, até o momento, é um vilão ou mau-caráter.